quarta-feira, fevereiro 14, 2007

Grito Negro

Zuimbi do Palmares - Herói Afro-brasileiro

Eu sou carvão!
E tu arrancas-me brutalmente do chão
e fazes-me tua mina, patrão.
Eu sou carvão!
E tu acendes-me, patrão,
para te servir eternamente como força motriz
mas eternamente não, patrão.
Eu sou carvão
e tenho que arder sim;
queimar tudo com a força da minha combustão.
Eu sou carvão;
tenho que arder na exploração
arder até às cinzas da maldição
arder vivo como alcatrão, meu irmão,
até não ser mais a tua mina, patrão.
Eu sou carvão.
Tenho que arder
Queimar tudo com o fogo da minha combustão.
Sim!
Eu sou o teu carvão, patrão.


José Craverinha -poeta luso-moçambicano

11 comentários:

Juliana Marchioretto disse...

Aminha discussão foi essa na aula de ontem....

beijo

Thiago Kuerques disse...

E se falam que "a coisa tá preta" eu choro. E choro mesmo. A coisa não precisa ter cor pra distinguir-se boa ou não. A coisa precisa ter vida. Esse blog tem vida.
abraços

Madeira Inside disse...

OLá!!
Cada vez mais gosto de poesia, e escrevê-la é também o meu caminho!!
Adorei!

Abraço :)

Milene Leite disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Milene Leite disse...

Servir...

Ser - Vir - Ir : Incoativos

Verbos que exprimem começo de ação ou de estado.

Os Negros, sempre foram vítimas dos incoativos!

Começaram servindo, continuaram lutando, terminaram se libertando.

E então... surgiram novos Incoativos!

Empobrecer - Perder - Sobreviver


Espero meu Deus, que os Incoativos façam as pazes com os Negros! E enfim, deixe-os Nascer , Crescer e Viver em paz!

Beijos Nelson!
E parabéns pelo texto!
É perfeito!
:)

Aline Ribeiro disse...

Olá Nelson,
obrigada pela visita ao meu blog, tb sou amante de poesia e me arrisco a escrever alguns versos.
Vou te visitar mais vezes.
Bjnhos...

Ana Luar disse...

Conheço alguns poemas de Craverinha... e sigo o teu com este que acho fantástico.
Se as nossas lágrimas
apagassem o ódio que nos cerca
e apagassem também o fogo que nos mata
mãe
eu perdiria as lágrimas de todos
sangrando as pupilas.

Mas temo, mãe
que nos afoguemos um dia
dentro das nossas lágrimas


Obrigada pela oportunidade de ler algo de qualidade.

Muadiê Maria disse...

Craveirinha é um dos meus mais queridos. Estou doida para ler Maria.
Linda esta poesia.

Anónimo disse...

Eu não conheço muito a poesia africana, mas acredito que seja rica em sentimentos

Bjs

Anónimo disse...

naogostei

Anónimo disse...

Cara, não tem site nenhum que me explique direito a poesia. Acho que eu estou ficando com raiva dessa poesia e do José Craveirinha! EU tenho que entregar o trabalho amanhã pra professora, aí vocês ferram comigo.