quinta-feira, março 22, 2007

Cinzento

O Quadro Cinzento - de Maria Helena Vieira da Silva (1908 - 1992)

É tanto teu o tempo. Tão nosso.
Conversa de resto esquecida
ainda não sei se posso
lembrar a estória proibida.

Que qualquer Deus te comanda. Bem sei.
A coragem nasce da loucura
sarando as feridas do que sonhei
para o regresso urgente da ternura.

Queríamos mais. Reconheço em ti.
O cinzento da manhã nasce na cama
já não sei se sofri o que sofri
desejos inflamados por tua chama.

É tanto o ser agora. Talvez jamais.
Cercas muros grades construídas
escrevemos tantas coisas nos murais
mestres em ilusões vencidas…

Vang – poeta angolano

10 comentários:

Lia disse...

Este poema Hoje tudo tem a ver cmg...melhores dias virão!
Obrigado pela tua visita e volta sempre...*beijinho*

ju disse...

É um poema bonito.

Milene Leite disse...

"escrevemos tantas coisas nos murais
mestres em ilusões vencidas…"

Tal qual é a vida...
Ilusória e, por ironia, tão desiludida!

Excelente texto...

Beijooo!
=)

Anónimo disse...

A vida é feita de ilusões... mas também sem sonhos a vida seria ainda mais cinzenta.
Beijinhos

Paula Negrão disse...

muuuito bom!

beeijo

Cris... disse...

Querer...tudo e mais um pouco....

É assim que me encontro hoje, como na poesia...

beijo.

Debaixo do Bulcão disse...

Pequena correcção ao post: é que o Vang reside a maior parte do tempo em Portugal (Almada) mas tem nacionalidade angolana. E, por acaso, nasceu em Hamburgo (Alemanha). Mas de alemão é que ele não tem nada... digo eu

Um abraço do
António Vitorino
(amigo do poeta em questão)

Phiwuipa disse...

Que possa ser um cinzento... mas um cinzento que a qualquer momento se tornará branco :)!

*Beijinhos*

jguerra disse...

Não sei quem é Vang, mas adorei.

Sílvia Câmara disse...

Esse cinzento é iluminado. Adorei.