sexta-feira, agosto 25, 2006

Costuras

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A vida bordou surpresas em ponto agrilhão
Tecias auroras carsidas.
Desfiaste o tecido para o crivo; esqueceste chulear as baínhas.
Não pudeste atingir a perfeição dos deuses,
gostei do passajado feito quando tudo se desmanchou
Continuo trajando o vestido da tua oferta.

Baloiça o tempo na folha da goiabeira
baloiça oh folha!
que o silêncio geométrico multiplica a esfera:
a noite aleita o traçado dos morcegos
sombras mudas enamoram açucenas
a memória afaga paralelos idos
e o corpo se desfaz em loiras labaredas.
balança o tempo nas folhas da minha terra,
balança oh terra!
já o meu corpo se desfaz na geografia da espera.

Nómada
o adiante veste incógnitas de cristal
balança oh folha!
balança oh terra
queria ainda beijar-lhe a era.

Doriana – poetisa angolana

(Antologia da poesia
feminina dos PALOP)

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