quarta-feira, abril 19, 2006
Poema para Carlos Drummond de Andrade
É útil redizer as coisas
as coisas que tu não viste
no caminho das coisas
no meio do teu caminho.
Fechaste os teus dois olhos
ao bouquet das palavras
que estava a arder na ponta do caminho
o caminho que esplende os teus dois olhos.
Anuviaste a linguagem de teus olhos
diante da gramática da esperança
escrita com as manchas de teus pés descalços
ao percorrer o caminho das coisas.
Fechaste os teus dois olhos
aos ombros do corpo do caminho
e apenas viste uma pedra
no meio do caminho.
No caminho doloroso das coisas.
Jõao Maimona – poeta angolano
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