domingo, abril 30, 2006

Cantos do Meu País




Canto as mãos que foram escravas
nas galés
corpos acorrentados a chicote
nas américas


Canto cantos tristes
do meu País
cansado de esperar
a chuva que tarde a chegar


Canto a Pátria moribunda
que abandonou a luta
calou seus gritos
mas não domou suas esperanças


Canto as horas amargas
de silêncio profundo
cantos que vêm da raiz
de outro mundo
estes grilhões que ainda detêm
a marcha do meu País


Julião Soares Sousa – poeta guineense
(Um novo amanhecer, 1996)

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