quarta-feira, outubro 04, 2006
Ndumbu
Pintura de Ivone Ralha
O estranho
Em cima de mim
Que me penetra brutal e sem carinho
É um desconhecido
E tem o meu consentimento contrariado,
Quando chegará ao fim?
O homem
Que faz uso do meu corpo
Transformando-o em farrapo
E em trapo também
Nunca vi antes
Só agora nestes instantes
O estranho bêbedo
De mau hálito
Que comprime o seu peito
Contra os meus treze anos
E afaga os meus seios pequenos
É um desconhecido, o safado
O estranho sujo
No interior do meu sexo
Que depois sai molhado e frouxo
Eu não vejo
Pois penso na família desaparecida
E na casa destruída
O estranho que me enoja
Quando me beija
Não possui a minha alma
Nem alcança o meu íntimo,
Encontra-me distante
E do meu corpo ausente
O sujeito (estranho)
Que depois me entrega o dinheiro
De que tanto necessito (e muito me envergonho)
Nunca foi meu parceiro
Nunca esteve comigo
E tão pouco alguma vez foi meu amigo,
É um desconhecido
E logo-logo será esquecido
Ndumbu – mulher de rua, prostituta
Décio Bettencourt Mateus – poeta angolano
Etiquetas:
angolano,
Décio Bettencourt Mateus
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