terça-feira, outubro 10, 2006
Menino de Bairro de Zinco
Menino de bairro de zinco
Amigo da aldeia de palha
Sobe o cajueiro menino
Que a tua mãe não ralha
Menino de bairro de zinco
Com bolas de trapo e cordel
Carrinhos de arame e cana
Baloiços na mangeira
E as construções de lama
Menino de bairro de zinco
Menino filho da guerra
Nos jardins de canaviais
Corre, corre menino
Que o mato nunca é demais
Menino de bairro de zinco
Trazes um sorriso de Havana
E os olhos negros de Bombaim
Um poema de Lisboa
O meu Ìndico é assim
De dia o sol te transpira
À noite a lua te bronzeia
Corre corre menino
Que na aldeia já há fogueira
Menino de bairro de zinco
Há fogueira e batucada
P'ra teu corpo temperar
Depois, adormeces na esteira
Até amanhã o sol raiar
Menino de bairro de zinco
Gonzaga Coutinho – poeta moçambicano
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