sexta-feira, junho 09, 2006

Poema da Volta

Pintura de Walter de Sousa

Cá estou
em carne e osso
corpo e alma
verso e prosa.
Mar e lagoa
montanha e nuvem
praia e sol
cariocas e estrangeiras
Pessoa e Cartola
bikinis e pivetes
topless e arrastão.

Passado vadio
futuro mal pago
presente contente
Tente...
Pecado safado...
comunhão preventiva,
absolvição garantida.
Extrema-unção à prestação
devo não nego,
não pago,
não compro,
não assino,
e quero o recibo.
O mundo é logo ali
O Brasil é que tá no
Cafundó do Judas.
Fronteira aberta!
Como o futuro de nossas crianças
que jamais serão adultas,
mas levarão muitos adultos antes de partir.
Fronteiras abertas
como as pernas das adolescentes nos bordéis
das adoções fraudulentas para extirpação de órgãos
das árvores decepadas na Amazônia
dos rios contaminados de alumínio
da população dormindo nas ruas
ocupando o espaço do lixo.
As escolas encalhadas
e as idéias abandonadas.
Os hospitais cheios
nas filas do lado de fora.

A esperança é recorrente,
pois deus é brasileiro
o diabo é que é estrangeiro.
Mas a direita é maneta
e a esquerda é perneta.
O centro é capado,
e faz tudo por trás.
Todos mamam na teta.
Caros dirigentes:
Competentes punhetas!
No verão vê-se
que a vida é curta
mas o dia é comprido
Ricardo Muniz de Ruiz – poeta brasileiro

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