Mais me pesa a terra sobre os olhos e no lugar do coração. Não era enfim tão rápido quanto crera. Não fora esse indício e juraria a ausência total de sensações. Pesa-me, porém sobre a cegueira dos olhos e o vago atroz do coração. Atroz não porque me doa ou amargure, mas porque esse ruído débil, sempre inaudível, companheiro da primeira à derradeira hora, súbito cessou, substituindo-o o horror de insuspeitado e impenetrável silêncio. Depressa me habituarei. A insensibilidade da mão esquerda, sê-lo-á? Ou será da terra? A terra… O corpo soma-se-me em terra. De tosca e anómala não chega a ser obscena na terra a nudez final. Aqui neste lugar não há lembranças da vida. Mais depressa ainda a vida se esquecerá de mim e deste escuro mas promissor tirocínio a uma futura arqueologia.