domingo, julho 30, 2006

Escorraçados da Morte


Escorraçados da morte
soletram
a nómada caligrafia dos pássaros.
Soletram – e soletram:
alfabeto de passos, um linguajar de setas
envenenadas petras.

Da Lua viemos, nascemos – obrigado,
Paizinho. Escorraçados da morte
a terra nos levará à água?
Sem mapas nem sentido
do regresso – nosso é o fogo
passo a passo em rições guardado.
E as matas – para ainda sobreviver.

Escorraçados da morte
soletram
a nómada caligrafia dos pássaros.
Soletram – e soletram:
alfabeto de passos, um linguajar
de setas
envenenadas pedras.

Zeto Cunha Gonçalves – poeta angolano
(Em "Vozes poéticas da lusofonia", Sintra 1999)

Sem comentários: