quinta-feira, junho 28, 2007

Mulher das Águas


















És mulher das águas,
quando recebes em teu corpo a espuma
como bruma e beijas sábia ventura.

Tão doce tua voz como mel,
quando acalentas o rouxinol cansado
e embriagas de amor o querubim no céu.

No campo desabrocha o suave lírio,
quando tuas mãos tocam o vento
e no etéreo molduras um mosaico delírio.

Teus afagos são gemidos como músicas lascivas,
quando entorpecem as almas dos poetas loucos
e calam a noite de inveja das estrelas em orgia.

Cai a última pétala em tua túnica suave graça,
quando brilham os olhos da esmeralda e da pérola
e silencia quem passa e nunca vira mulher tão bela.

És mulher tão linda e sábia,
quando a manhã faz da sabedoria um sorriso dela
e da poesia um desejo lânguido nesse dia.

Douglas Mondo – poeta brasileiro

segunda-feira, junho 18, 2007

Pequeno Doce

Cabo-verdiana

Filha de África-Mãe,
és a sublime mistura de Angola
e Cabo-Verde.

És abençoada por mim
e pelos deuses celestes.

Transpareces a alegria
de uma vida nova e renovada,
cheia de esperança.
Colocando-te em braços meus
apaixonei-me por ti,
tua mãe bela entre as mulheres
pediu-me a tua eternidade.

Tua figura sincera e ingénua
faz-me sonhar com o mundo novo,
embalando-me até às nuvens doces do paraíso,
seduzes-me com tua ternura inconsciente.

Deixa-me dizer-te que te sonego
o desejo meu de ter além-tempo
fruto do amor e paixão
um ser tão mimoso quanto tu.



Nelson Ngungu Rossano - poeta neo-afro-lusomestiço

quarta-feira, junho 13, 2007

Ausência

Ausência

Falta-me
O norte
Uma estrela
O caminho
Faltam-me os olhos
Com que me olhe
Falta-me a razão
De saber razões
Falta-me o instante
A mão que rasgue
semeie
Falta-me o quê?


Ângela Santos - poetisa brasileira